quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Mais uma (triste) história de amor...

Ela era uma moça linda! Morena, cabelos longos, corpo escultural, sempre maquiada. De origem humilde, pegava todos os dias o ônibus do bairro afastado ao centro da cidade e ia trabalhar. Era funcionária de uma loja de cosméticos em um shopping. A vida não era fácil. Ônibus lotado, sem lugar para sentar e ainda tendo que ouvir as piadinhas dos vários engraçadinhos e candidatos a garanhão de plantão no horário. No começo, ela tirava aquilo de letra, mas depois de algum tempo já ficava irritada. Normalmente, no mesmo horário, tomava o ônibus um rapaz que não morava muito longe dela. Ele trabalhava em uma gráfica e fazia o curso de Direito à noite, a duras penas. Não era fácil permanecer acordado na sala de aula, além de ser complicado pagar a faculdade todos os meses. Mas, persistente, ele continuava, pois queria ter um futuro melhor. Embora quase vizinhos, não se conheciam. Dia após dia, o olhar dele já não conseguia se desviar do dela. Afinal, estava logo ali, ao alcance de algumas palavras e, talvez das mãos. Certo dia tomou coragem e foi falar com ela. O pouco espaço no coletivo facilitou a conversa de pertinho. Como o papo não foi ruim, ela deu atenção e se interessou pelo rapaz. Pelo menos, pensava ela, esse não é como os outros que só soltam gracinhas no meu ouvido. O tempo passou, e a tímida conversa inicial foi a semente que transformou a amizade em namoro. Um passou a freqüentar a casa do outro, as famílias se conheceram e tudo ia bem. Já faziam planos para em um futuro não muito distante, se casarem. Ele pretendia em menos de dois anos ser um advogado e dar à futura esposa uma vida melhor que aquela que levavam. Dia após dia se encontravam no ônibus, indo cada um para a sua luta diária. Certo dia, ela não pegou o ônibus. Ele estranhou. Ligou para o celular dela e já a encontrou na loja. Alegara que havia pegado uma carona com uma vizinha, que também estava indo para a cidade. Nos próximos dias, ela já não era uma passageira assídua do coletivo, naquele horário. Quando questionada, sempre dizia que a vizinha havia saído mais cedo e a levara. Como ele a amava muito, até começou a gostar, pois assim a sua amada não viajaria tão desconfortável, naquele ônibus despejando passageiros pela porta que nem fechava mais direito de tão lotado. Certo dia, um automóvel BMW novinho em folha ultrapassou o ônibus em que ele estava. Por coincidência e curiosidade, seus olhos acompanharam o carrão. Qual foi a sua surpresa, ao ver a sua amada, cabelos soltos ao vento e sorriso mais que aberto, bem acomodada no banco do passageiro. E, pior, acompanhada de um sujeito que ele não conhecia. Chegando ao centro, já na loja de cosméticos, ele a inquiriu sobre quem era o motorista e o que ela fazia naquele carro. A resposta não poderia ter sido mais dura. Ela disse que decidira mudar de vida. Aquele dia a dia de pobre já não a satisfazia. O seu novo noivo estava com o apartamento pronto e ela iria se mudar para lá, o quanto antes. Ele que confiara tanto naqueles olhos lindos... Passadas algumas semanas, ela nunca mais foi vista na linha de ônibus. Ele soube que teria virado madame, e morava em um bairro nobre da cidade. O tempo passou. Agora, nas viagens diárias no ônibus, seus olhos se dirigiam para a loirinha sardenta. “Está certo que não é tão bonita, mas viaja comigo todos os dias segurando firme a minha mão. E, gosta muito de mim”.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Todo dia

Tenho o maior orgulho de prover, de orientar, de prever. Embora sinta que tudo está ao contrário, insisto na minha direção, olho para dentro e me sinto bem. As dificuldades e as surpresas são muitas, são várias, são diárias. A paz foi tirada, a luz quase foi apagada, no ar se ouviu a gargalhada, a calma foi arrancada, mas aqui tudo é mais, é muito, é maior. A claridade se faz presente de novo. O sorriso já não tarda e tudo segue o seu rumo, apesar dessa louca vida. Nos vasos ainda não se vêem flores, mas a primavera já não tarda a nos visitar. A música já invade os espaços, apesar da janela não estar escancarada. Talvez ainda falte um lugar onde não se more, mas se viva. Talvez lá, a noite possa, definitivamente, zelar com carinho o nosso sono.

domingo, 23 de novembro de 2008

Obra, prima?

Toda obra é única! E, cada um coloca lá as suas notas, os seus traços, os seus riscos, os seus floreios, as suas palavras, os seus rabiscos, as suas rimas, os seus devaneios e as suas cismas. Cada reação, bom gosto, desgosto, indiferença, sucesso, remorso, encosto, fracasso e desprezo, é conseqüência. Pinto com minhas tintas, escrevo com minha pena, cumpro minha vida e canto com minhas sílabas. Quem se importa? A obra é minha, mas é prima de quem?

Dilema

São sinceras as palavras que ouço? Elas me fazem tão bem! Por que sempre desconfio? As pessoas falam sério? O que mais tenho que ver para acreditar? Essa é a dúvida, essa é a questão, esse é o dilema. Por que gostam de mim? O mundo é cruel e os seres são insanos, mas por que não comigo? Isso é tão bom, que me faz mal. Alguém explica? Querem me enganar? Eu só queria entender... Alguém me ajuda? Vou aumentar o som da confusão. Não quero ouvir mais nada!

Previsão do dia

“Cuide da saúde e dê mais atenção à pessoa amada. O trabalho está em baixa e a fase financeira ainda não será das melhores. O conjunto de condições celestes não o beneficia, pelo menos por enquanto. Encare a situação de frente”. Ainda bem que é só o meu horóscopo! Quem leva isso a sério? Hoje, eu não vou levar...

Insone existência

A madrugada avança, impeduosa. O relógio não pára e os meus olhos não se fecham. Alguns pingos de chuva chegam para me fazer companhia. Em compensação, a escuridão não me abandona. Lá fora, além da chuva, o vento me chama com um constante e tenebroso assobio. Os meus pés estão congelando e a cama está vazia. Quando você vai voltar? Só te espero até o fim dessa vida... Não mais!

sábado, 22 de novembro de 2008

Uma janela para a vida

Um fato acontecido há uns tempos atrás, não me sai da mente, retornando de vez em quando. Meus filhos ainda estavam no ensino fundamental, quando aconteceu um passeio ciclístico promovido pela escola. Alunos e professores pedalavam em um grande grupo pelas ruas do centro da cidade, em uma manhã de domingo. Crianças sorridentes e barulhentas, professores preocupados e pais atentos, acompanhando tudo a pé, pelas calçadas. Muitas ruas percorridas e várias esquinas depois, o grupo passava em frente a um antigo e mal cuidado prédio residencial. No cenário de paredes descascadas, percebiam-se todas as janelas fechadas, menos uma, no último andar. Nessa janela, surgiu a figura de uma senhora idosa de cabelos brancos e com os ombros curvados pelo tempo. Ao perceber a passagem daquela quantidade incomum de bicicletas e crianças, aquela senhora se transformou. Ela, aos pulos, acenava e enviava beijos a todos os que passavam aos seus pés, na rua. O seu sorriso era de tal maneira aberto e franco, que eu não me lembro de já ter visto outro que transmitisse tanta sinceridade. Ela sorria muito, acenava e sabe lá com que forças, pulava! Fiquei imaginando o que se passava na mente daquela senhora. Há quanto tempo, ela não via algo que a alegrasse tanto? Que tipo de vida ela levava ali, entre aquelas paredes? Ela sofreria de alguma enfermidade? Sentiria dores? Quais as sensações que aquelas crianças montadas em suas bicicletas haviam trazido a ela? Há quanto tempo ela não sorria assim? Recordo, que quando a última bicicleta passou, ela colocou a cabeça para fora da janela e deu uma última espiada. Arriscou um último aceno e, já séria, voltou para dentro. Nos minutos seguintes, a sua vida voltaria à rotina? Seria uma rotina pesada, de sofrimentos? As bicicletas e as crianças viraram a próxima esquina e eu já não via a velha senhora em sua janela. Recordo que fiquei pensando naquele fato, mas logo já era hora de recolher meus filhos e guardar as bicicletas no carro. Hoje, alguns anos depois, passei em frente ao antigo prédio. Meus olhos se apressaram em se fixar naquela janela. Lá estava ela, caixilho de madeira quase sem tinta e vidros abaixados. Hoje, ela estava fechada. Não vi aquela senhora, personagem quase infantil daquela alegre cena passada no palco de sua janela e que marcou definitivamente as minhas lembranças. Hoje, ela estaria deitada? Fazendo alguma refeição? Ou ela já partiu desse mundo? Não sei. Só sei, que de alguma maneira, aquelas crianças ciclistas deram alguns minutos de intensa alegria para a velha senhora. E ela deu a todos os que passavam pela rua, um exemplo único de simplicidade e de alegria com algo tão singelo como um grupo de crianças. Talvez tenha sido essa, a visão que tenha alegrado os seus últimos tempos de vida. Como saber? Acho que prefiro ficar com a lembrança daqueles cabelos brancos e daquele sorriso que, confesso, ainda não vi outro igual.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Percepção

Apenas hoje, parei e olhei para trás. A vida continuou e eu nem percebi. As pessoas seguiram os seus rumos. Cada um tomou o seu caminho, a maioria mais iluminados que o meu. Só agora percebo. Onde eu estava com a cabeça? Relacionamentos, amizades, cumplicidades, parcerias, tudo está feito, todas estão prontas! Me pego chorando em locais e situações onde eu deveria rir. Isso é normal? Vou tentar abrir o meu alçapão! A luz lá fora será muito forte? Bem, só me resta tentar... Será que ainda me encaixo em alguma comunidade? O tempo escoou por entre os meus dedos e eu nem senti, tamanha foi a falta de tato. Terei ainda alguma chance? Por quais ruas andarei e em qual cidade? O melhor seria ainda poder acordar, mas temo que a hora já tenha passado... Ou será que o agora ainda não é muito tarde?

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Na escuridão

Olho insistente para a escuridão do céu, singelamente enfeitada por algumas estrelas. De vez em quando, passam silenciosas e apressadas luzes que piscam. Absorto, imagino que sejam pilotadas por alguém. É só mais uma aeronave ou uma miragem disfarçada de esperança? Quem estará lá dentro? Será alguém que deveria estar aqui em baixo, comigo? Por que você não desce? É noite ainda, mas estou aqui. Quando nascer o sol, pode ser tarde demais...

Idéias

Como se vende de tudo nesse mundo, desde coisas, serviços, sentimentos, idéias escritas, faladas e cantadas, alguém compraria os pensamentos que borbulham na minha cabeça? Já não sei onde colocá-los e nem quais devo seguir...

Envelopes

A correspondência acaba de chegar. Olho os envelopes e não os abro. Conterão boas novas? E se for aquilo que tanto espero? Não sei... Na dúvida... O maior me parece confiável, mas os outros podem dizer coisas que não quero saber. O mundo exterior insiste em entrar aqui, mesmo na forma de cartas. São ofertas, promoções, promessas, propagandas, ofensas. Eu não pedi nada! Vou sair! Na volta, penso no que fazer. Quem sabe mudo de endereço, deixo de ser destinatário e trato de cuidar melhor do meu destino. Para que lado vou? Que rumo tomar? A resposta não terá vindo pelo correio? Alguém, aí fora, pode gostar de mim...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Quem somos nós?

Certa vez, eu ouvi as seguintes frases: “A maioria das pessoas é outra pessoa. Seus pensamentos são as opiniões de outra pessoa”. Penso parecido com isso. Acho que como nós vivemos obrigatoriamente em sociedade, somos forçados a compartilhar e seguir as opiniões dos outros. No trabalho, embora muitas vezes nem concordemos, seguimos a opinião ou a ordem do supervisor, do encarregado ou do gerente, sob pena de punição caso não se faça. Na escola, obedecemos e nos submetemos às ordens e aos ensinamentos de professores que, muitas vezes, são totalmente despreparados ou estão desmotivados demais para orientar quem quer que seja. Em inúmeros casamentos, um cônjuge se submete às opiniões e loucuras do outro, apenas para tentar viver uma vida feliz. E, na maioria das vezes, não consegue. Fazemos, falamos e executamos ordens e comandos vindos de fora, embora as nossas opiniões sejam completamente diferentes. Enfim, acho mesmo que nós não somos nós. Nós somos realmente nós, quando estamos sozinhos na cama, meditando sobre essa loucura que é o mundo em que somos forçados a viver. Feliz de quem consegue ser ele mesmo, nem que seja apenas no interior do coração e da mente.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Encoberto

Já é muito tarde. Não tarda a amanhecer. A madrugada me encobre e dá forças para que eu seja quem quiser. Agora, ninguém me vê. Aqui, estou forte. Enquanto o sol não surge, estou bem, estou a salvo. Neste lugar, escrevo, falo, grito. Berro aos ouvidos, aos passantes, aos insones, aos ouvintes, aos insanos. O agora é o meu mundo. Estranho esse mundo, que se acaba quando surge o amanhecer. No meu mundo não tem alvorecer. Estranho e escuro esse mundo. Invisível e seguro mundo. Aqui e agora, estou fora do alcance, estou distante, estou contente. O aqui é fortaleza. O agora é proteção. A noite é companheira. O dia, assombração.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Revendo o passado

O tempo passou, a vida correu, as noites e os dias se sucederam, alegrias e tristezas aconteceram. Tentei acompanhar, tentei ser, tentei parecer, tentei entender. Cheguei até aqui. Me vejo parado, calado, olhar fixo, sorriso fechado. O que eu fiz? O que eu quis? O que eu tive? O que eu consegui? O que parecia bom, era um desastre. O que me fazia rir, hoje me faz chorar. Quanto tempo! Quanto esforço! Quanto remorso! O que fiz de minha vida ao teu lado? Hoje me apresso, corro, tento voar, tento encontrar o pouco de alegria que ainda deve restar no mundo. Resta saber se saberei onde encontrar...

Um dia...

Pode demorar, mas um dia entenderão o trabalho feito e não valorizado, o texto escrito e não lido, a palavra dita e não compreendida, o conhecimento transmitido e não aceito, o sentimento expressado e não retribuído, a dor gritada e não aliviada, o cansaço mostrado e não reconfortado, o grito vociferado e não ouvido, o olhar enviado e não percebido, as lágrimas derramadas e não notadas, as mágoas represadas e não ditas, a pele ferida e não sarada, a mente confusa e não orientada, a vida perdida e não recuperada... Um dia... Quem sabe, um dia...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Ponto de vista?

Há tempos, anda tudo turvo. Vejo vultos quase sem rosto, ao longe. Só a medida que se aproximam, ganham traços. Os letreiros andam ilegíveis e os livros insistem em manter suas letras quase apagadas. O que estaria acontecendo com o mundo que me cerca? A princípio, levei um susto. Hoje, decidi fazer lentes novas para meus óculos.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Sinal dos tempos

Dia desses, logo cedo, passei no bar do Zé para tomar um café com leite e comer um pãozinho com presunto e queijo. Enquanto eu abria o jornal, ele servia aos outros clientes. Em seguida, ao passar um pano no balcão, ele me disse: "Você viu ontem, a queda da NASDAQ?" Os outros freqüentadores do local ouviram e pareceram achar normal o assunto. É, definitivamente, um sinal dos tempos.

Por que não eu? (ou...ainda bem!)

Cenário: Um sinal vermelho em uma esquina da cidade. Nos sinaleiros fechados de nossas cidades, sempre aparece alguém oferecendo ou pedindo alguma coisa. Sabemos que a vida não está fácil para ninguém, mas assim como encontramos em nossas esquinas, pessoas realmente necessitadas, existem alguns espertos que se aproveitam da bondade alheia para faturar algum trocado. Não cabe a mim julgar. Estou eu, dentro do meu carro parado no sinal, cercado de carros mais novos por todos os lados. Aliás, mais novos, de luxo e importados. Eis que se aproxima um rapaz com um papel na mão. Passa de carro em carro, conversa, recebe alguma coisa, olha para o meu carro e o ignora, indo para o próximo veículo importado. Nesse instante, fiquei pensando que hoje em dia, até para ajudar alguém precisamos estar bem vestidos e de carro novo. Um veículo nacional com oito anos de uso como o meu, definitivamente não inspira confiança. Não sei se fico feliz ou choro...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Frase

"A pobreza você combate baixando o preço do adubo". Essa foi a frase disparada por um velho camponês de Honduras, ao avaliar que o preço dos alimentos subiu muito pelo mundo afora e que os insumos subiram mais ainda. É a sabedoria simples, prática e direta de quem sempre viveu da terra e hoje já não pode plantar devido a falta de dinheiro. E a falta de dinheiro não permite a compra de comida, em um cruel círculo vicioso. Os seus olhos, antes acostumados com o verde da lavoura, agora só vêem a miséria e a fome. Até quando?

Fonte: Bom Dia Brasil / Rede Globo de Televisão

Crise? Que crise?

Sim, foi assim. O ser humano inventou a roda, aprendeu a dominar o fogo, começou a assar a carne de caça e se alimentou melhor. Suas necessidades básicas de moradia e alimentação foram, aos poucos, sendo supridas. A caverna se tornou confortável e a carne assada era boa. O tempo passou, o homem evoluiu, máquinas foram inventadas, a vida foi automatizada e o mundo foi globalizado. Mas, o que a princípio era uma grande idéia, com mercados unificados, comércio facilitado entre os povos, sistemas financeiros interligados, está se tornando um pesadelo. O mundo enfrenta hoje uma crise financeira que afeta a todos, sejam ricos ou pobres. Os ricos sentem no bolso, já que os seus investimentos não rendem aquilo que esperam e, com isso, sofrem uma perda de dinheiro. Gigantescas e outrora fortes indústrias, grandes empresas seguradoras mundiais e grandes bancos estão ameaçando fechar suas portas, em uma quebradeira generalizada. É uma verdadeira derrocada do capitalismo. Nesse meio tempo, os pobres estão ficando cada vez mais pobres. E, o máximo dos absurdos, é a fome que assola muitos povos. Com a tal crise, o preço dos alimentos está se elevando e as populações miseráveis de várias nações do mundo estão morrendo à míngua. Como exemplo disso, temos várias nações da África e da América Central onde a população pobre alimenta seus filhos apenas com uma mistura de água e sal, diariamente. Alguns povos não estão se desenvolvendo fisicamente devido a falta de alimentos durante a vida e estão perdendo estatura a cada geração que passa. São os "pigmeus da fome". É inadmissível que em pleno século 21, enquanto se gasta rios de dinheiro em guerras e na corrida espacial por exemplo, seres humanos morram de fome. Não é concebível que, nesse mundo interligado pelos meios de comunicação e totalmente rastreado por satélites, as pessoas morram de inanição e se tornem alimento para os abutres. É cruelmente desumano! Para onde vamos? É preferível auxiliar bancos falidos ou alimentar populações a beira da morte? Por que as nações ricas não promovem uma alimentação globalizada? Aposto que se as crianças de cada canto da Terra estivessem bem alimentadas e fortes, o futuro da espécie humana seria muito melhor. Da maneira que vai, estamos nos destruindo pouco a pouco, seja pela falta de dinheiro, pela falta de comida ou pela falta de esperanças. Será que não deveríamos rever tudo isso e começar de novo? Talvez ainda haja tempo.

domingo, 9 de novembro de 2008

Saldo

Sentar na janela da vida e apenas ver mais um dia passar, abrir o peito sem encontrar sentimentos, a geladeira sem ver gelo e o cofre sem ter dinheiro, ser o passageiro que desceu antes do fim da linha ou o piloto que abandonou o manche em meio ao vôo, é a mesma coisa. É apenas o acerto de contas, a prova real, o saldo do tempo passado em um caminhar às escuras. Lamparina apagada, querosene escasso, estrada pedregosa, espinhos pontiagudos. E a noite não termina...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Na fila!

Ordem! Vamos organizar! Felicidade, na porta número um, a sua direita! Alegrias, porta dois, a sua esquerda! Conquistas, porta três! Sossego, porta quatro! Para expiação e provas, sigam a fila! Mas, onde fica mesmo o final dessa fila?

domingo, 2 de novembro de 2008

Xeque

Enquanto uns choram, outros tentam consolar. Enquanto uns riem, outros tentam entender. Enquanto uns traem, outros tentam perdoar. Enquanto uns morrem, outros tentam sobreviver. São funções distintas e nem sempre compreensíveis para personagens manipulados no imenso tabuleiro da existência. Afinal, o que devo ser? O que devo fazer? Que movimento vou executar? Para qual casa devo pular? É preciso mesmo, continuar nesse jogo? Derrubem logo esse rei!

Escuridão

No escuro, vejo luzes através da fechadura. Estático, consigo apenas pensar. Respiro e penso. O peito quer se abrir, mas não consegue. Quero gritar, mas a voz está presa. Penso em mexer meu corpo e ele não obedece. Tenho lágrimas e não consigo chorar. Tenho asas e não consigo voar. Minha chave já não abre a porta nem meus passos me conduzem para além dela. Lentamente, um sorriso me invade o rosto. Não tarda, a gargalhada ecoa pelas altas paredes e também fica presa no teto, como minha visão. Aos poucos, vou de encontro a uma minguante lucidez. Quem precisa sair daqui? Quem disse que além da porta é melhor? Lá, sentimentos congelados correm o risco de derreter...

Imagens

Fecho os olhos. Imagens voam pela mente. Lindos rostos de mulher, mãos amigas, cenas vividas, sons pesados, feições inimigas, pensamentos leves, derrotas, as poucas vitórias, os amores, as dúvidas, as certezas, os risos, as dores. Ao menos aqui, atrás das pálpebras, tenho o controle de tudo. Coloco cada coisa em seu lugar e em seu tempo. Não abra meus olhos. Não mais...

sábado, 1 de novembro de 2008

Festejar?

Mais um dezembro se aproxima. O ano se vai. Já? Eu ainda nem tive tempo de chorar. É preciso mesmo participar disso tudo? Luzes que não brilham, champagnes que não embriagam, músicas que não alegram e flores que não perfumam. Presentes falsos, ausências não sentidas e sorrisos financiados por todos os cantos. Será que o mundo não poderia me esquecer? Só hoje...

Cadê o meu rosto?

O resultado da vida sem sonhos e esperanças é semelhante ao daquela foto tirada com um saco de papel na cabeça. Nela, todos são iguais e sem rosto, apenas cumprindo o seu triste papel de figurante. No máximo, podem chegar a ser coadjuvantes. O palco e as luzes, definitivamente, ficam longe demais.

Sem saída

Os remédios já não fazem efeito. Com efeito, a vida passa. A mente se turva. O dia me empurra. A noite me encobre. A chuva me molha. Os minutos voam. As horas correm. A paciência se esgota. Todos me olham. Nada falam. Ninguém me escolhe. Olhos se fecham. Braços se cruzam. Bocas se calam. Será que um dia, alguém me nota? Será que em alguma noite, alguém me acolhe? Perguntas e respostas difíceis. Nem sei se quero esperar pela resposta. E a vida, incansável, passa...

Por que nós?

O mundo gira. Incansavelmente, gira. Fatos ocorrem, notícias acontecem, dores são sentidas, sentimentos são trocados, tristezas são vividas, lágrimas são derramadas, sorrisos são amarelados, corações são dilacerados, sonhos são esfarrapados. Onde estamos? Pelo que passamos? Forças, de onde as tiramos? Por que insistimos? Que rumo tomamos? Digam! Falem! Respondam! Alguém se habilita?

Os carros

Desde pequeno, o brasileiro tem duas paixões. Além da bola de meia, plástica ou de couro que é jogada nas ruas, terrenos baldios e quadras, existem os carros. Desde os carrinhos de rolimã da infância, passando pelo velho automóvel do pai, o brasileiro sonha com motores, pneus, óleo e gasolina. Excepcionalmente nesse final de semana, temos em São Paulo dois eventos fantásticos que reforçam ainda mais a paixão de nosso povo pelas máquinas motorizadas. Acontecem, simultaneamente, o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 e o 25º Salão Internacional do Automóvel. No primeiro, os bólidos da Fórmula 1 voam baixo em Interlagos para a decisão do título de 2008. O brasileiro Felipe Massa tenta tirar das mãos do inglês Lewis Hamilton o título de campeão da temporada. Também se decide o título entre as equipes Ferrari e McLaren. Temos ainda na pista, os carros de BMW, Renault, Toyota, Toro Rosso, Red Bull, Williams, Honda, Force Índia e Super Aguri. É a alta tecnologia de motores, pneus, suspensões, combustíveis, lubrificantes, informática e telemetria aliadas à coragem e perícia dos pilotos deixando a emoção e a adrenalina a solta no asfalto de Interlagos. É um moderno circo tecnológico perambulando pelo mundo e movimentando milhões de dólares por onde passa. Para os aficcionados, é um espetáculo imperdível. Perto dali, no Anhembi, acontece a exposição das máquinas que são ao mesmo tempo o sonho de consumo e algo sabidamente inatingível para a grande maioria dos visitantes. São os automóveis das mais importantes marcas mundiais em exibição, mostrando aos apaixonados as últimas tendências e a mais moderna tecnologia do mundo. Quem não sonha em, nem que seja por um minuto, sentar ao volante de carros como Ferrari, Maserati, Pagani, Lotus ou Lamborghini? Em muitos desses estandes, menores e mais privativos, os carros ficam isolados do público, mas a aglomeração de pessoas em frente aos espaços é sempre uma constante. Esse é, sem dúvidas, um assunto para boas conversas para quem, como eu, gosta de carros. Mesmo que não possamos ter na garagem aquele modelo esportivo, ou o luxuoso e exclusivo quatro portas sonhado, automóvel é sempre um assunto interessante para ser discutido. E, como dizem que o brasileiro não desiste nunca, quem sabe um dia possamos possuir um desses. Hein? Quem sabe?